DIA_DE_CAMPO
_Visita_ao_Quilombo Campo Grande - MST.
Universidade
Federal de Lavras – Curso de Pedagogia Presencial - 3ºSemestre –
2018-2 – Prof. Dr. Celso Vallin
Disciplina:
GDE150 - EDUCAÇÃO, AMBIENTE E AGROECOLOGIA
Adaptação do relato das estudantes.
Dentro da disciplina “Educação, Ambiente e Agroecologia”, no
curso de Pedagogia, foi proposta uma viagem para se conhecer o
Quilombo Campo Grande, que é uma área localizada no município de
Campo do Meio, MG na qual o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra, o MST, tem acampamentos e assentamentos.
Logo que saímos da Universidade Federal de Lavras, a UFLA, já pensávamos no que encontraríamos. Criávamos todas as expectativas. Sabíamos que naqueles dias estavam enfrentando uma ordem de despejo.
Logo que saímos da Universidade Federal de Lavras, a UFLA, já pensávamos no que encontraríamos. Criávamos todas as expectativas. Sabíamos que naqueles dias estavam enfrentando uma ordem de despejo.
Tropa de Choque no dia em que o Juiz decretou o despejo
Assim que entramos no antigo terreno da usina falida, chamada Ariadnópolis, abandonada há tempos, nos encantamos com a imensidão.
Na chegada fomos recepcionados no prédio de uma escola, pela dona Ricarda, que mora naquelas terras há 17 anos. Ela disse que veio de São Bernardo Campo, SP. Além de agricultora é educadora e já alfabetizou muitas pessoas. Falou em Pedagogia do Amor.
Dona Ricarda explicou que, antes deles acamparem ali, já existia o prédio da escola que estava abandonado e era ocupado por vacas, que procuravam por sombra. O chão ficava cheio de estrume e o ar com moscas.
Até que um dia, em mutirão, as pessoas do Quilombo decidiram arrumar o prédio. Com muito trabalho limparam, reformaram, e arrumaram tudo, para inaugurar, o que aconteceu há dois anos. Agora é a Escola Eduardo Galeano. Conquistaram apoio e a escola passou a ser um anexo de uma escola estadual da cidade e atualmente atende turmas de jovens e adultos (EJA) no período noturno e durante o dia atende crianças de sexto-ano do fundamental. A escola funciona com professores do estado. Para o trabalho foram aproveitados 2 professores do MST que passaram em concurso, além de outros da rede regular.
Uma das professoras nos contou que ainda é muito difícil o acesso à escola, pois em dias chuvosos ficava complicado o transporte escolar. A prefeitura nem sempre se empenhava pra resolver os problemas de veículo quebrado, de estrada intransitável, falta de motorista e outros. E com isso ficava difícil conseguir a necessária continuidade o que causava desânimo e mesmo evasão. Além dos adultos, as crianças também sofrem pelas deficiências do transporte escolar.
De outro lado, falaram de uma pedagogia popular, em que não faltava união e amor por uma educação de luta pela valorização da pessoa do campo.
Após a troca de saberes, ficamos cientes de toda a programação do dia. Participamos de uma mística que é costume do MST.
Assim que chegamos notamos algumas pessoas trabalhando ao lado da escola. Depois que nos apresentamos e nos conhecemos eles nos explicaram que era uma fossa, pois não existia saneamento na fazenda. Eles estavam construindo de um modo que não prejudicasse o lençol freático. Essa era a segunda fossa por ali. A outra, que já estava terminada, era da casa de uma família que mora ao lado e cuida da escola. Foi muito especial esse momento pois eles tiveram toda a cautela de nos explicar o funcionamento e nos mostrar como estava sendo feita a fossa.
Neles é depositada a água da chuva, que passa por filtros, e que depois é usada para regar a área de cultivo de mudas, economizando e reaproveitando a água.
Até que um dia, em mutirão, as pessoas do Quilombo decidiram arrumar o prédio. Com muito trabalho limparam, reformaram, e arrumaram tudo, para inaugurar, o que aconteceu há dois anos. Agora é a Escola Eduardo Galeano. Conquistaram apoio e a escola passou a ser um anexo de uma escola estadual da cidade e atualmente atende turmas de jovens e adultos (EJA) no período noturno e durante o dia atende crianças de sexto-ano do fundamental. A escola funciona com professores do estado. Para o trabalho foram aproveitados 2 professores do MST que passaram em concurso, além de outros da rede regular.
Uma das professoras nos contou que ainda é muito difícil o acesso à escola, pois em dias chuvosos ficava complicado o transporte escolar. A prefeitura nem sempre se empenhava pra resolver os problemas de veículo quebrado, de estrada intransitável, falta de motorista e outros. E com isso ficava difícil conseguir a necessária continuidade o que causava desânimo e mesmo evasão. Além dos adultos, as crianças também sofrem pelas deficiências do transporte escolar.
De outro lado, falaram de uma pedagogia popular, em que não faltava união e amor por uma educação de luta pela valorização da pessoa do campo.
Após a troca de saberes, ficamos cientes de toda a programação do dia. Participamos de uma mística que é costume do MST.
Tivemos um momento de reflexão em que a D. Ricarda expressou-se com seu “grito de identidade”, junto aos outros.
Depois cantaram para nós uma música linda, que nos emocionou muito. Em seguida as pessoas se apresentaram.
Um dirigente do movimento explicou o momento difícil pelo qual estavam passando, devido à ordem de despejo, apesar de estarem lá há 20 anos.
Logo que entendemos o funcionamento da fossa eles nos chamaram para almoçar. A comida, eles mesmos plantaram, colheram e cozinharam, sem agrotóxicos, apenas com produtos naturais. Estava deliciosa e sentimos que foi feita com amor. Depois de alguns minutos de descanso fomos conhecer o viveiro, em um lugar lindo, cheio de verde e vida.
Informaram-nos que a produção superou as expectativas com cerca de 500 mil mudas no ano.
Esse projeto está sendo incrível e muito produtivo, porém vai só até dezembro. Eles estão começando a comercializar algumas mudas para ter como manter por mais tempo todo o cultivo do viveiro.
Além disso, foram feitos dois tanques de água, um com 25 mil litros e outro com 40 mil.
Com toda empolgação algumas mulheres nos levaram até a horta medicinal. Lá encontramos muitas plantas medicinais. Mostraram-nos e explicaram sobre remédios naturais que poderíamos fazer em nossas casas. Elas nos ensinaram várias receitas, nos mostraram os nomes e para que poderiam ser utilizadas. Foi um momento muito especial.
Com todas essas vivências, saímos renovados, com um pensamento totalmente diferente daquele que a TV e mídia nos passam. Conhecemos pessoas fortes, lutadoras, e demos força e resistência para que a luta continue pelos direitos populares. Essa viagem foi muito mais do que nossas expectativas estavam trazendo. Foi gratificante.
Em seguida destacamos falas de algumas estudantes, no relatório pós vivência:
“Fomos muito bem recepcionados na escola por Dona Ricarda, moradora há 17 anos; alguns moradores, responsáveis que auxiliam e desenvolvem projetos na área, como o Henrique, graduado em Engenharia Florestal pela UFLA; o professor de História e Geografia; a professora de Ciências da Natureza; entre outras pessoas”
Dona Obed
“Ali é ensinada uma pedagogia que vai além dos muros da escola e a criança também aprende com os adultos no dia a dia de forma construtiva. Ali todas as experiências e saberes são valorizados.'
“Essa viagem foi essencial em minha vida e acredito que essa experiência foi única. Todos nós que vivemos no meio urbano ou até mesmo em área rurais deveríamos passar por essa vivência. Minha perspectiva em relação ao MST mudou completamente e pude ver o quanto a mídia aqui fora distorce as informações. Admirei a preocupação e o compromisso que eles têm e exercem com cada outra pessoa, como se fossem irmãos; um vivendo pelo outro; completamente guerreiros e lutadores. Espero ter a oportunidade de voltar e que um dia eles consigam alcançar seus objetivos de viver em paz, com direito à terra e ao trabalho justo.”
“Trago dessa experiência um novo olhar para esse movimento. Um olhar mais positivo e empático. Aprendi muito convivendo um dia com esse pessoal. Quebrei preconceitos que tinha sobre tudo isso. Foi emocionante sentir o amor deles pelo que fazem como pensam no próximo e trabalham em conjunto para um bem maior e de todos. São pessoas fortes, amorosas, acolhedoras que defendem seu povo e sua ideologia. Senti-me transformada com essa experiência, assim como acredito que muito amigos também.”
“Foi ótima a vivência. Foi grande a satisfação e emoção de conhecer um povo que sempre vimos com outros olhos e não valorizamos na maioria das vezes. Vimos a necessidade de também agarrar a causa e lutar por direitos que ele não têm, e isso é questão de humanidade e de ser emocional. A recepção foi permeada de carinho e muita emoção, porque em meio a tanto conflito, tiveram o amor de nos receber de braços abertos e demonstrar a luta, que nunca pode parar."
“O que marcou bastante nessa visita foi ver a união entre eles, o que eles produzem de forma compartilhada, os projetos que acontecem e que são muito bem organizados. “
“Essa visita pode nos proporcionar um conhecimento único, sobre o que é o movimento e principalmente suas causas e objetivos. E sobre o trabalho desenvolvido por eles no campo, e o pensamento de 'partilha', de pensar sempre nas famílias que dependem do que existe lá. Em suma, pensar em educação da maneira como eles pensam e fazem, nos permite refletir sobre as nossas práticas na cidade e quanto o campo tem muito a nos ensinar, não apenas a plantar e a colher, a cuidar da terra e proteger mais, também a educar por meio de uma pedagogia libertadora.”
“A viagem acresceu nosso conhecimento sobre ervas, plantas e principalmente sobre a luta e resistência do povo.”
“Algo
que me chamou a atenção foi a forma como eles mantém o local
conservado, os alimentos orgânicos que são produzidos, as mudas no
viveiro... Essa forma de compartilhar com os outros tudo o que é
produzido ali é o que, para eles é válido, defender e proteger o
seu meio e ajudar aquele que vivem ali. // Ter esse contato direto
com a vivência deles nos fez pensar como é diferente a realidade do
local e o que as mídias nos passam. Eles conservam a natureza, tudo
de forma simples e sem prejudicar ninguém, e passam todos esses
ensinamentos para suas crianças e jovens.”
“Vimos uma realidade bem diferente da nossa, e também dos movimentos que vemos na TV que muitas vezes os colocam como vilões. É impressionante a forma como eles lutam, principalmente no campo educacional. Correm atrás, buscam conhecimento, os professores que se mobilizam têm formação, agarram a causa, vão atrás dos órgãos responsáveis para abrirem escolas e mantê-las... // Agradeço muito por ter participado da visita. Abriu meus olhos para muita coisa e saí de lá uma nova pessoa.”
“Eu estava ansiosa por essa viagem, contudo, durante a semana, havíamos visto muitas notícias sobre as ameaças de despejo e essa situação estava me deixando apreensiva. Antes dessa disciplina, não tinha muito conhecimento sobre o MST, mas por meio dos materiais disponibilizados pelo professor pude me inteirar sobre o assunto. /// Um ponto que me marcou, quando estávamos conhecendo a escola foi o fato de lutarem por uma educação, de priorizarem o ensino de pessoas do campo que, muitas vezes, não vêm finalidade de estudarem pois, vão trabalhar na roça e assim torna-se difícil quebrar esse tabu.”
“Eles estavam construindo uma fossa ecológica ao lado da escola e foram muito gentis em nos mostrar. Os trabalhadores explicaram cada elemento do processo da construção e como ocorria o seu funcionamento após ser finalizada. Achei a atitude deles admirável, pois buscam sempre fazer as coisas da maneira mais correta e ecológica possível e, como eu não tinha conhecimento de um procedimento como aquele, achei interessantíssima a aprendizagem. Após isso prepararam um delicioso almoço para nós. Nesse momento, o grande destaque foram os alimentos orgânicos, sem uso de agrotóxicos. Não temos muito acesso a alimentos assim na zona urbana e a diferença do sabor foi nítida. /// As crianças são tão carinhosas e exalam gratidão em seus olhares o que motiva ainda mais a seguir o curso e a profissão de pedagoga.”
“A visita foi uma experiência renovadora, de energia e de concepções de mundo. Ver a forma como aquele povo se ama e se cuida de uma forma tão verdadeira me faz acreditar que ainda há esperança para a sociedade, me faz ter fé em um mundo melhor. Foi lindo cada pedacinho da viagem. Foi lindo conhecer esse pedacinho do MST, o Quilombo Campo Grande.”
Este relatório foi escrito com fotos e relatos de estudantes que participaram da visita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário