APRENDER DÓI
Hoje, antes das nove horas da manhã, ganhei dois abraços, mas também tive o constrangimento de ver uma estudante chorar. Aquele momento do abraço foi ótimo. Não foi porque a estudante conseguiu uma boa nota. Nem foi alguma brincadeira. Ela fez isso em despedida, porque terminou o período de aulas comigo, e em agradecimento. Eu também agradeci, por poder contar com estudantes que importam-se de verdade com a aprendizagem e com os conteúdos que estudamos juntos. Para mim, havia ali um reconhecimento de que as aulas funcionaram, de que consegui gerar oportunidade para colocação de situações e experiências de vida, em diálogo com os conteúdos de estudo; e que houve como serem estabelecidas relações entre as ideias (teorias) e as realidades conhecidas.
A moça que chorou teve dificuldades em aprender. Ao constatar isso, pedi que participasse de um processo de recuperação e reforço, em que haveria poucas estudantes, mas ela se sentiu frustrada.
O outro abraço foi uma ex-aluna que tem laudo de necessidades especiais. Ela já se formou professora de educação física. Mas depois, passou a fazer trabalho terceirizado na varrição do chão. Veio me contar que acabara de ingressar como estudante de pedagogia. Estava feliz por voltar a estudar. Relembrou dificuldades passadas, leituras e discussões em aula, há alguns anos. Isso foi para mim uma surpresa.
Não é fácil atuar na docência. Mas talvez por isso seja bom. É um trabalho em que mexemos com a formação das pessoas, com suas possibilidades de vida, seu modo de compreender o mundo... Questionamos as verdades. Eu ainda lembro de antigos e antigas professoras minhas, e até de certas aulas que foram boas e provocadoras. São boas recordações.
Este blogue é do tempo em que as redes sociais como instagram, tik-tok e outras não existiam. Era mais comum que algumas pessoas escrevessem e publicassem no blogue. Estas notas foram escritas em 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário