O GOVERNO
Para fazer referência
VALLIN, Celso. O governo. Publicado em blog na internet. 2023. Disponível em http://celsovallin.blogspot.com/2023/07/fazer-referencia-vallin-celso.html
1. As pessoas costumam colocar o "governo" como responsável por uma série de problemas. Na verdade, falta uma compreensão sobre como se organiza o Estado, qual o papel e responsabilidade, direitos e possibilidades, na (re)construção desse.
2. Como governos, temos 3 executivos - federal, estadual e municipal. Ou, olhando para os vários municípios, temos milhares de executivos. Temos ainda os legislativos e judiciários, que são também responsáveis por muitas coisas que são atribuidas "ao governo". Fazem parte do "governo" as universidades, as escolas de educação básica, o sistema de saúde, a assistência social, empresas como Correios, Petrobras ou Caixa, temos conselhos... As instituições que compõe o governo e o Estado não são uma coisa só, e não existe uma unidade de pensamento e ação. Existem incoerências, contradições, disputas e lutas internas. Dessa forma devemos compreender os governos.
3. A discussão política brasileira é dominada por pessoas (políticas profissionais e outras), pelas mídias (TVs, web, jornais, revistas etc), por mega empresários (que têm o domínio econômico), pelas igrejas etc. O poder econômico mistura-se com a mídia e consegue um domínio sobre quase tudo. Os políticos são somente agentes temporários dos interesses econômicos, que costumam gerar corrupção, sonegação, renúncia fiscal, financiamentos e vantagens financeiras que favorecem ainda mais os mega empresários.
4. A economia não é de todos. Os interesses da classe trabalhadora não são os mesmos da classe empresarial. Os empresários querem menos impostos e menos imposições legais; os mais pobres querem escola pública de qualidade, bom atendimento no SUS, e outras políticas públicas de apoio popular. O modo de pensar no "governo", como uma coisa só, ineficiente, problemática, com foco nas corrupções e defeitos do "governo", abre as portas para a sonegação, para os lobbies, fraudes e para a desresponsabilização. As pessoas passam a se colocar contra os impostos. Para haver justiça social, é preciso ter um Estado forte, rico e atuante. Não queremos privatizações, mas sim controles para a melhoria social. Queremos mais participação social no controle do Estado. Quem defende Estado mínimo são as pessoas que podem pagar escola particular, convênio médico, que andam de carro e não usam o transporte coletivo, moram em condomínios fechados e vivem comprando em shopping centers.
5. Pensar que "o governo" é responsável único por todos os problemas sociais, sem perceber as diferenças, contradições, poderes, instituições ou grupos irá colaborar para desresponsabilizar as mídias e o poder econômico, e também servirá para desvalorizar setores, pessoas ou grupos que defendem interesses populares. É preciso reconhecer grupos que exercem resistências contra o poder econômico e a favor de conquistas para o povo, os historicamente excluídos. Queremos a igualdade e justiça social.
6. Responsabilizar "o governo" por tudo, colabora para as pessoas estarem mais alienadas e enfraquece as possibilidades de se exercer o controle social das ações e órgãos públicos, e enfraquece a participação política e social.
7. "O governo"... colabora para o povo torcer para um Estado mínimo, e aceitar a ideia de que tudo deveria ser privatizado e que empresários prestariam serviços mais baratos e melhores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário