sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

DIA_DE_CAMPO

_Visita_ao_Quilombo Campo Grande - MST.
Universidade Federal de Lavras – Curso de Pedagogia Presencial - 3ºSemestre – 2018-2 – Prof. Dr. Celso Vallin
Disciplina: GDE150 - EDUCAÇÃO, AMBIENTE E AGROECOLOGIA

Adaptação do relato das estudantes.
Dentro da disciplina “Educação, Ambiente e Agroecologia”, no curso de Pedagogia, foi proposta uma viagem para se conhecer o Quilombo Campo Grande, que é uma área localizada no município de Campo do Meio, MG na qual o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, tem acampamentos e assentamentos. 


Logo que saímos da Universidade Federal de Lavras, a UFLA, já pensávamos no que encontraríamos. Criávamos todas as expectativas. Sabíamos que naqueles dias estavam enfrentando uma ordem de despejo.


Tropa de Choque no dia em que o Juiz decretou o despejo
Assim que entramos no antigo terreno da usina falida, chamada Ariadnópolis, abandonada há tempos, nos encantamos com a imensidão.
Na chegada fomos recepcionados no prédio de uma escola, pela dona Ricarda, que mora naquelas terras há 17 anos. Ela disse que veio de São Bernardo Campo, SP. Além de agricultora é educadora e já alfabetizou muitas pessoas. Falou em Pedagogia do Amor.
Dona Ricarda explicou que, antes deles acamparem ali, já existia o prédio da escola que estava abandonado e era ocupado por vacas, que procuravam por sombra. O chão ficava cheio de estrume e o ar com moscas.
Até que um dia, em mutirão, as pessoas do Quilombo decidiram arrumar o prédio. Com muito trabalho limparam, reformaram, e arrumaram tudo, para inaugurar, o que aconteceu há dois anos. Agora é a Escola Eduardo Galeano. Conquistaram apoio e a escola passou a ser um anexo de uma escola estadual da cidade e atualmente atende turmas de jovens e adultos (EJA) no período noturno e durante o dia atende crianças de sexto-ano do fundamental. A escola funciona com professores do estado. Para o trabalho foram aproveitados 2 professores do MST que passaram em concurso, além de outros da rede regular.
Uma das professoras nos contou que ainda é muito difícil o acesso à escola, pois em dias chuvosos ficava complicado o transporte escolar. A prefeitura nem sempre se empenhava pra resolver os problemas de veículo quebrado, de estrada intransitável, falta de motorista e outros. E com isso ficava difícil conseguir a necessária continuidade o que causava desânimo e mesmo evasão. Além dos adultos, as crianças também sofrem pelas deficiências do transporte escolar. 
De outro lado, falaram de uma pedagogia popular, em que não faltava união e amor por uma educação de luta pela valorização da pessoa do campo. 
Após a troca de saberes, ficamos cientes de toda a programação do dia. Participamos de uma mística que é costume do MST. 


Tivemos um momento de reflexão em que a D. Ricarda expressou-se com seu “grito de identidade”, junto aos outros. 


Depois cantaram para nós uma música linda, que nos emocionou muito. Em seguida as pessoas se apresentaram. 


Um dirigente do movimento explicou o momento difícil pelo qual estavam passando, devido à ordem de despejo, apesar de estarem lá há 20 anos.



Assim que chegamos notamos algumas pessoas trabalhando ao lado da escola. Depois que nos apresentamos e nos conhecemos eles nos explicaram que era uma fossa, pois não existia saneamento na fazenda. Eles estavam construindo de um modo que não prejudicasse o lençol freático. Essa era a segunda fossa por ali. A outra, que já estava terminada, era da casa de uma família que mora ao lado e cuida da escola. Foi muito especial esse momento pois eles tiveram toda a cautela de nos explicar o funcionamento e nos mostrar como estava sendo feita a fossa. 


Logo que entendemos o funcionamento da fossa eles nos chamaram para almoçar. A comida, eles mesmos plantaram, colheram e cozinharam, sem agrotóxicos, apenas com produtos naturais. Estava deliciosa e sentimos que foi feita com amor. Depois de alguns minutos de descanso fomos conhecer o viveiro, em um lugar lindo, cheio de verde e vida. 

Informaram-nos que a produção superou as expectativas com cerca de 500 mil mudas no ano. 

Esse projeto está sendo incrível e muito produtivo, porém vai só até dezembro. Eles estão começando a comercializar algumas mudas para ter como manter por mais tempo todo o cultivo do viveiro. 

Além disso, foram feitos dois tanques de água, um com 25 mil litros e outro com 40 mil.

Neles é depositada a água da chuva, que passa por filtros, e que depois é usada para regar a área de cultivo de mudas, economizando e reaproveitando a água.

Com toda empolgação algumas mulheres nos levaram até a horta medicinal. Lá encontramos muitas plantas medicinais. Mostraram-nos e explicaram sobre remédios naturais que poderíamos fazer em nossas casas. Elas nos ensinaram várias receitas, nos mostraram os nomes e para que poderiam ser utilizadas. Foi um momento muito especial.



Com todas essas vivências, saímos renovados, com um pensamento totalmente diferente daquele que a TV e mídia nos passam. Conhecemos pessoas fortes, lutadoras, e demos força e resistência para que a luta continue pelos direitos populares. Essa viagem foi muito mais do que nossas expectativas estavam trazendo. Foi gratificante.


Em seguida destacamos falas de algumas estudantes, no relatório pós vivência:
“Fomos muito bem recepcionados na escola por Dona Ricarda, moradora há 17 anos; alguns moradores, responsáveis que auxiliam e desenvolvem projetos na área, como o Henrique, graduado em Engenharia Florestal pela UFLA; o professor de História e Geografia; a professora de Ciências da Natureza; entre outras pessoas” 
Dona Obed
“Ali é ensinada uma pedagogia que vai além dos muros da escola e a criança também aprende com os adultos no dia a dia de forma construtiva. Ali todas as experiências e saberes são valorizados.'
 “Essa viagem foi essencial em minha vida e acredito que essa experiência foi única. Todos nós que vivemos no meio urbano ou até mesmo em área rurais deveríamos passar por essa vivência. Minha perspectiva em relação ao MST mudou completamente e pude ver o quanto a mídia aqui fora distorce as informações. Admirei a preocupação e o compromisso que eles têm e exercem com cada outra pessoa, como se fossem irmãos; um vivendo pelo outro; completamente guerreiros e lutadores. Espero ter a oportunidade de voltar e que um dia eles consigam alcançar seus objetivos de viver em paz, com direito à terra e ao trabalho justo.”
“Trago dessa experiência um novo olhar para esse movimento. Um olhar mais positivo e empático. Aprendi muito convivendo um dia com esse pessoal. Quebrei preconceitos que tinha sobre tudo isso. Foi emocionante sentir o amor deles pelo que fazem como pensam no próximo e trabalham em conjunto para um bem maior e de todos. São pessoas fortes, amorosas, acolhedoras que defendem seu povo e sua ideologia. Senti-me transformada com essa experiência, assim como acredito que muito amigos também.”

“Foi ótima a vivência. Foi grande a satisfação e emoção de conhecer um povo que sempre vimos com outros olhos e não valorizamos na maioria das vezes. Vimos a necessidade de também agarrar a causa e lutar por direitos que ele não têm, e isso é questão de humanidade e de ser emocional. A recepção foi permeada de carinho e muita emoção, porque em meio a tanto conflito, tiveram o amor de nos receber de braços abertos e demonstrar a luta, que nunca pode parar."
“O que marcou bastante nessa visita foi ver a união entre eles, o que eles produzem de forma compartilhada, os projetos que acontecem e que são muito bem organizados. “
“Essa visita pode nos proporcionar um conhecimento único, sobre o que é o movimento e principalmente suas causas e objetivos. E sobre o trabalho desenvolvido por eles no campo, e o pensamento de 'partilha', de pensar sempre nas famílias que dependem do que existe lá. Em suma, pensar em educação da maneira como eles pensam e fazem, nos permite refletir sobre as nossas práticas na cidade e quanto o campo tem muito a nos ensinar, não apenas a plantar e a colher, a cuidar da terra e proteger mais, também a educar por meio de uma pedagogia libertadora.”

“A viagem acresceu nosso conhecimento sobre ervas, plantas e principalmente sobre a luta e resistência do povo.”

“Algo que me chamou a atenção foi a forma como eles mantém o local conservado, os alimentos orgânicos que são produzidos, as mudas no viveiro... Essa forma de compartilhar com os outros tudo o que é produzido ali é o que, para eles é válido, defender e proteger o seu meio e ajudar aquele que vivem ali. // Ter esse contato direto com a vivência deles nos fez pensar como é diferente a realidade do local e o que as mídias nos passam. Eles conservam a natureza, tudo de forma simples e sem prejudicar ninguém, e passam todos esses ensinamentos para suas crianças e jovens.
“Vimos uma realidade bem diferente da nossa, e também dos movimentos que vemos na TV que muitas vezes os colocam como vilões. É impressionante a forma como eles lutam, principalmente no campo educacional. Correm atrás, buscam conhecimento, os professores que se mobilizam têm formação, agarram a causa, vão atrás dos órgãos responsáveis para abrirem escolas e mantê-las... // Agradeço muito por ter participado da visita. Abriu meus olhos para muita coisa e saí de lá uma nova pessoa.”
“Eu estava ansiosa por essa viagem, contudo, durante a semana, havíamos visto muitas notícias sobre as ameaças de despejo e essa situação estava me deixando apreensiva. Antes dessa disciplina, não tinha muito conhecimento sobre o MST, mas por meio dos materiais disponibilizados pelo professor pude me inteirar sobre o assunto. /// Um ponto que me marcou, quando estávamos conhecendo a escola foi o fato de lutarem por uma educação, de priorizarem o ensino de pessoas do campo que, muitas vezes, não vêm finalidade de estudarem pois, vão trabalhar na roça e assim torna-se difícil quebrar esse tabu.”
“Eles estavam construindo uma fossa ecológica ao lado da escola e foram muito gentis em nos mostrar. Os trabalhadores explicaram cada elemento do processo da construção e como ocorria o seu funcionamento após ser finalizada. Achei a atitude deles admirável, pois buscam sempre fazer as coisas da maneira mais correta e ecológica possível e, como eu não tinha conhecimento de um procedimento como aquele, achei interessantíssima a aprendizagem. Após isso prepararam um delicioso almoço para nós. Nesse momento, o grande destaque foram os alimentos orgânicos, sem uso de agrotóxicos. Não temos muito acesso a alimentos assim na zona urbana e a diferença do sabor foi nítida. /// As crianças são tão carinhosas e exalam gratidão em seus olhares o que motiva ainda mais a seguir o curso e a profissão de pedagoga.”
“A visita foi uma experiência renovadora, de energia e de concepções de mundo. Ver a forma como aquele povo se ama e se cuida de uma forma tão verdadeira me faz acreditar que ainda há esperança para a sociedade, me faz ter fé em um mundo melhor. Foi lindo cada pedacinho da viagem. Foi lindo conhecer esse pedacinho do MST, o Quilombo Campo Grande.”

Este relatório foi escrito com fotos e relatos de estudantes que participaram da visita.









domingo, 25 de novembro de 2018


POR QUE CRITICAM O CAPITALISMO ?

Celso Vallin, nov,2018

Nossa crítica ao capitalismo não é somente aos ricos ou à burguesia. É ao capitalismo mesmo, como lógica da vida, que segue colocando o lucro acima de tudo, mesmo entre os que não são empresários.
Para pensar sobre isso é bom questionar: Como a lógica de mercado se sobrepõe e sufoca as demais lógicas da vida?
A base do racionalismo de mercado é: “o lucro acima de tudo”! Essa premissa não é só do empresário, dono de tais lucros, e beneficiário do lucro, mas de todo o sistema que diz aos empregados que têm que “vestir a camisa” (do patrão, ou da empresa) porque se não, podem perder seus empregos. Assim, até um(ou uma) caixa de supermercado passa as compras da forma mais rápida possível, quase num desespero, sem chance para dar uma palavra com a pessoa que faz as compras, mesmo que seja alguém que se mostre precisando de ajuda, com alguma dificuldade. Imagine um(a) cliente que tem consigo uma criança que está cansada de esperar pelas compras das quais não participa e nem entende. “Perder” dez segundos para dar uma ajuda, ou uma palavra amiga à criança pode parecer, no racionalismo de mercado, um absurdo, um abuso, um desrespeito a quem vem atrás na fila do caixa, que também sente-se com pressa pela mesma lógica de que “tempo é dinheiro”.
Entre outras situações de vida, nos interessa falar sobre a escola. Lá também impera o racionalismo de mercado, que impõe uma aula em que as explicações sejam as mais diretas possíveis, e que direcionem para que estudantes sejam logo capazes de fazer as questões ou exercícios que virão em seguida. Qualquer dúvida de estudante, que fuja um pouco disso, será vista como inadequada, inconveniente, porque atrasará os trabalhos previstos e diminuirá o rendimento das aulas. Um desvio será considerado como algo que atrapalha a aula, porque aumentará o tempo para se chegar aos “exercícios feitos” e à produtividade planejada. Na escola não existe mercado, mas a lógica capitalista, do racionalismo de mercado nos leva a considerar que “explicação dada”, “exercícios feitos” e questões respondidas” são como se fossem o “lucro” da aula. O produto das vendas serão as notas em provas que atestarão o rendimento do trabalho realizado.
Esse modo de pensar, o do capitalismo, e do racionalismo de mercado, torna-se senso comum e se impregna no pensamento de toda gente, como dizem os autores a seguir:
A base desse discurso [capitalista] amplificado no âmbito planetário é um senso comum econômico, uma doxa, um sistema de crenças e valores, uma visão comum de mundo que, reduzida a seus traços mais básicos, implica extensão do éthos econômico a todas as esferas da atividade humana. Implica portanto uma redução de todas as coisas à mercadoria e a transformação de todas as pessoas em agentes propriamente econômicos.(1)
Os que defendem o capitalismo rotulam-se de liberais, palavra que deriva de livre e liberdade, mas a realidade mostra que é diferente. Empresários de todo o planeta usam mecanismos pelos quais certo grupo domina uma parte do mercado já desenvolvido, e não permitem a entrada de qualquer um, mas somente de pessoas ou empresas que possam ser inseridas numa cadeia de comando e dependência já existente. A livre concorrência é algo que só acontece em certos momentos e quando escapa ao controle existente. Não existe livre concorrência. Os capitalistas lutam para que não exista. Como exemplo podemos ver as lojas que vendem automóveis novos que são chamadas de concessinárias porque só podem funcionar com autorização das empresas montadoras; existem os distribuidores de jornais que precisam de autorização da empresa editora; as linhas de ônibus, dependem de autorizações que vêm do poder público, mas em muitos casos são monopólio e fruto de disputas empresariais, algumas que geram até assassinatos. Esses e muitos outros exemplos, que podem ser encontrados, mostram que existe uma organização macro-econômica-social que controla o mercado. Mesmo que uma pessoa, ou empresa, tenha dinheiro e capital suficiente, precisa submeter-se às regras e ser aceita pela parcela de empresários que controla dado segmento do mercado. Formam-se redes de controle e o mercado, apesar de ser grande não é livre. Trata-se de um emaranhado de redes de poder e controles que vão além do fator econômico. Dantas (2) lembra que não é certo dizer monopólio mas oligopólio: uma situação em que poucas empresas detêm o controle da maior parcela do mercado.
De outro lado podemos refletir: quem é mais livre? Uma pessoa que se permite “perder tempo”, ou perder resultado, para ser solidária com quem precisa? Aquela pessoa que se dedica à sociedade, em geral, e que trabalha em lógicas sociais que favoreçam grupos historicamente oprimidos? Ou, liberdade significaria a pessoa fazer o que a vontade lhe indica ? Como defender um ponto de vista sem considerar o coletivo, a sociedade? Não “perder tempo” é ser livre?
Vale refletir. Até que ponto queremos deixar a lógica de mercado mandar em nossa sociedade?

REFERÊNCIAS
  1. BIANCHETTI, Lucídio; VALE, Ione R.; PEREIRA, Gilson R.M. O fim dos intelectuais acadêmicos: induções da Capes e desafios às associações científicas. Campinas, SP : Autores Associados, 2015.
  2. DANTAS, Gilson. Breve introdução à economia mundial contemporânea: acumulação do capital e suas crises. Brasília, 2012. Disponível em <http://www.esquerdadiario.com.br/capitalismo-um-sistema-senil-por-que>. Acesso em 2018.11

segunda-feira, 23 de julho de 2018


TREVA SOCIAL VERSUS ESPERANÇA

Celso Vallin, 2018,07

Você já notou que em certas épocas as pessoas têm mais boa vontade? E, em outras não? Parece que é geral: por todo lado há gente de má vontade. Quero falar de um sentimento e comportamento que não é só de uma pessoa, mas um estado social. Algo que afeta a sociedade em geral. Considero que nesse momento estamos num desses períodos sociais de má vontade. Não se trata de analisarmos uma ou outra pessoa, mas sim de se colocar um olhar para o momento social que estamos vivendo: um período de má vontade geral! Por isso questionamos: o que isso pode provocar?

Ter boa ou má vontade relaciona-se com a nossa expectativa em relação às situações, e ao comportamento das pessoas. Estar de boa vontade é trabalhar com a expectativa de que as coisas vão dar certo, ou de que as pessoas querem ajudar, serão honestas e razoáveis. Estar de má vontade é pressupor que haverá problemas, ter expectativa de que as pessoas irão ter maus comportamentos, farão traições e coisas assim.

Para iniciar a reflexão é interessante notar, que em certas situações muito difíceis, parte do mérito da solução é a esperança. Quando nos damos a resolver problemas muito difíceis, grande parte do mérito dessa empreitada de trabalho de construção ou conquista da solução está, não simplesmente em nosso esforço ou capacidade, mas também no fato de não termos antes julgado que fosse tão difícil. Se julgamos que será quase impossível já desistimos antes, ou pelo meio do caminho. Mas se não sabemos que é impossível, vamos em frente e algumas vezes conseguimos resolver. Há uma frase muito citada nos meios sociais: “não sabendo que era impossível foi lá e fez”. Muitos a atribuem a Jean Cocteau (escritor e cineasta francês – 1889/1963 <https://educacao.uol.com.br/biografias/jean-cocteau.htm>). Então, resolver ou atuar em situações que são muito difíceis, e que parecem quase impossíveis, depende bastante de acreditarmos na solução, ou num final positivo, de acreditarmos que conseguiremos atuar na melhoria da situação.

Por isso certa boa vontade não é somente algo abstrato. Na medida em que esse estado positivo nos levará a ter bons resultados podemos dizer que a boa vontade se concretiza pelas ações que ela desencadeia em nós. Quando acreditamos em bons resultados temos esperança. Esperamos ou esperançamos porque supomos que é possível melhorar uma situação, como diz Paulo Freire. E passamos a mobilizar nossas forças, e às vezes até forças conjuntas, em grupos. As forças das pessoas de um grupo, quando se mobilizam em torno de um objetivo comum, acabam conseguindo chegar num resultado positivo. Mas essas forças todas, muitas vezes são desperdiçadas.

A não efetivação do poder das forças, tanto as nossas, como as de um grupo, se dá porque no momento em que uma pessoa está com boa vontade as demais podem não estar. Vale a analogia do que acontece quando um grupo de pessoas se coloca para empurrar um automóvel que está com problemas. Se cada um empurrar em um momento diferente, o veículo não sairá do lugar. E depois de fazer uma força enorme, quando nos pedem para fazer força de novo, já não acreditamos, e não colocaremos a mesma força, ou estaremos cansados e não teremos a mesma força disponível para colocar. Se toda gente fizer força na mesma hora, o resultado vem. Isso acontece também em relação ao social. Quando se consegue uma sinergia, mobilizando as pessoas é mais fácil e mais possível conseguir um resultado positivo.

Empurrar o carro em conjunto é fácil, mas será que é bom ir para aquele lado?

Podemos pensar no resultado de forma mais ampla. Não se trata somente de empurrar, ou fazer alguma coisa prática e direta, mas também nos colocarmos a pensar soluções e colaborar na construção de projetos sociais. Certas ideias, como uma lei nacional por exemplo, precisam do esforço de construção coletiva, com muita gente ajudando a pensar e colaborando na construção da ideia que depois poderá dar consequência a ações práticas.

Ao contrário, às vezes o que temos é a má vontade. Considero que hoje estamos vivendo um momento de trevas. E esse estado da sociedade eu considero que é causado porque grande parte da sociedade se polarizou. O que vemos são dois pólos que se opõem. Dois grupos grandes foram idealizados. Alguns chamam esses pólos de esquerda e direita. Cada pólo tem se identificado muito mais pela oposição ao que entende ser o outro pólo do que propriamente por um ideário seu, uma identidade de grupo que esteja bem definida e que seja compartilhada por seus pares.

Quero dizer que a esquerda não é uma, mas são muitas. E entre elas há contraposições, incoerências e oposições. Quem é contra as esquerdas as vê como se fossem uma coisa única. O mesmo vale para a direita. As pessoas que são vistas como de direita, não são iguais, não possuem uma identidade comum. São vários grupos e esses também têm ideias que se contrapõe. Mas quem está de fora vê a direita como se fosse um bloco, uma identidade.

Boa parte das pessoas de esquerda considera que a culpa de todos os problemas sociais atuais é das pessoas da direita. O contrário também é verdade. As pessoas de direita consideram que a culpa de tudo é dos esquerdistas. E assim se instalou uma grande má vontade que é geral.

Muitas vezes essa atribuição de culpa ou responsabilidade é indevida. Muitas pessoas não chegam a ter argumentação suficiente para explicar porque o outro lado está errado, e assim, baseiam-se numa suposição que é falsa, vazia, ou inconsistente. Isso acontece por ignorância. Atribui-se, ao grupo opositor, muitas características que são supostas, mas não são constatadas.

Nesse estado de mútua oposição, as pessoas simplificam mais do que é possível a situação social. Passam a supor que tudo é culpa do grupo opositor. Tanto um lado quando o outro tende a simplificar mais do que é possível, e a fazer atribuições não constatadas, e vão se acomodando nesse falso e fácil entendimento.

Claro que isso não é geral ou absoluto. É certo que existem pessoas que percebem as incoerências e colocam-se mais precavidas. Certo também que há pessoas que investigam melhor os fatos e opiniões antes de firmar análises. Mas penso que estamos num período ruim, sob esse ponto de vista, em que existe uma tendência geral de oposições fáceis e levianas. Um momento de polarização nesses dois extremos que nem são tão bem conhecidos, mas que são identificados como os responsáveis, e os focos da causa dos problemas.

Assim, as pessoas passam a cultivar o ódio (ao lado oposto imaginário), cultiva-se a responsabilização externa, e isso é o que estou considerando como época de trevas.

Agora vamos colocar em consideração o que foi refletido antes. Vimos que em alguns momentos a boa vontade, e esperança, são parte da solução, ou da construção de melhoria. Assim, podemos pensar num momento oposto ao que estamos vivendo. Imaginemos um momento social de boa vontade geral, um momento de esperança social.

Quando não percebemos muito bem que outras pessoas podem ser contra nós, ou que tenham pensamentos contrários, somos capazes até de fazer alianças, de trabalhar juntos, e de construir alguma coisa em conjunto. E as discordâncias ideológicas que teremos passam a ser localizadas. Discordamos em algumas coisas, mas concordamos em outras. Com isso, como as discordâncias não são tão polarizadas, as pessoas conseguem ter mais respeito pelas ideias e posições das outras pessoas, que abrem possibilidades de alianças, e de construção conjunta.

Então existem duas situações sociais possíveis. Uma em que a sociedade se coloca de forma bipolarizada e com má vontade e até certo ódio, praticando uma simplificação indevida ao analisar as situações sociais, e por causa disso deixa de empenhar-se em maiores esforços de construção de soluções e melhoria. E outros momentos em que o exagero pode ser inverso, em que existe boa vontade até em situações que não mereceriam. Em que, até quando estamos com pessoas que irão nos atacar e nos destruir, entramos com boa vontade.

Junto com tudo isso é preciso considerar que quando temos amor a alguém, tratamos a pessoa diferente. Mesmo que ela se posicione com ideias frontalmente contra as nossas, mesmo que existam discordâncias graves, nós buscaremos uma forma de conversar com essa pessoa, de trabalhar tais discordâncias, de tratá-la com respeito. Mesmo discordando. Assim, dentro da abordagem da boa vontade, conseguimos ânimo e estratégias até para lidar com oposições ideológicas.

Ao contrário, quando estamos com má vontade, até as pessoas que têm ideias semelhantes às nossas, quando fogem um pouco do que queremos, ou quando parecem fugir, já respondemos de forma ruim, e acabamos por criar outra má vontade também na outra pessoa, e tendemos a criar ambientes em que nada é capaz de florescer.

Dai, tentando concluir, mesmo sabendo que não há como resolver ou fechar as reflexões. Talvez possamos pensar que, diante de confrontos e dilemas podemos ter certa boa vontade, com certo cuidado e até amorosidade com as pessoas e grupos.

Não será preciso abrir mão de nossos ideais, ou de nossos princípios de vida para tratarmos as pessoas e situações com amor e boa vontade. Mas não podemos ser ingênuos, acreditando na boa vontade de quem nos ataca, ou de quem se traveste para nos atacar. Então é preciso buscar a boa vontade sem ser bobo ou ingênuo.

Vivemos um tempo de trevas. A lógica da polarização é ruim para todos. Vemos que um pouco de boa vontade e cuidado ajudam a resolver muitas questões.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018


UM OLHAR SOBRE A COLETA SELETIVA E A RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DE NEPOMUCENO MG: A COOPERATIVA RECLICLANEP.


Para citar esse artigo:

LIBERATO, Vanderleia ; SILVA, Barbara ; SANTOS, Vladimir ; VALLIN, CELSO . Um olhar sobre a coleta seletiva e a reciclagem no município de Nepomuceno MG: a cooperativa Reciclanep. In: I Congresso Internacional e III Congresso Nacional Movimentos Sociais e Educação ? 20 a 22 de setembro. UESC, 2016, Ilhéus BA. I Congresso Internacional e III Congresso Nacional Movimentos Sociais e Educação ? 20 a 22 de setembro. UESC. Ilhéus BA: UESC, 2016. v. único


Resumo: Nos últimos anos, o debate sobre a preservação ambiental e os problemas ambientais tem sido alvos de discussões e o que mais se destacam entre eles é o acúmulo de resíduos sólidos. Nesse contexto, a coleta seletiva tem sido apontada como uma das alternativas promissoras no sentido de auxiliar na diminuição do volume de resíduo sólidos e também como uma forma de gerar renda para a população em condição de vulnerabilidade social e econômica. Este estudo é resultado de uma pesquisa feita na cidade de Nepomuceno MG e teve como objetivo conhecer o trabalho da cooperativa de catadores de materiais recicláveis do município de Nepomuceno (RECICLANEP) e os benefícios desta atividade. Para atingir tal objetivo, foi feita a observação do cotidiano dos trabalhadores cooperados e, também, entrevistou-se os cooperados e o administrador da cooperativa. Por meio dos resultados alcançados, foi possível conhecer a história de criação da cooperativa e como ocorre o processo de coleta seletiva no município. Foram encontrados muitos benefícios provenientes do trabalho na Cooperativa tanto para os antigos trabalhadores do lixão, para a cidade e para o meio ambiente.

17 páginas

Introdução
Ao longo dos anos, os problemas ambientais tem sido alvo de debate em vários campos de pesquisa. À medida que crescem os problemas, são propostas novas alternativas para minimizá-los.
A reciclagem é uma forma de destinar parte do resíduo sólido produzido de forma responsável e vários materiais podem ser reciclados, entre eles, o vidro, o metal, o alumínio, o papel, plástico entre outros. Assim, por meio da reciclagem, obtém-se a diminuição significativa da poluição do ambiente.
Neste cenário a coleta seletiva torna-se uma ferramenta importante na promoção da reciclagem e seus benefícios são vários e alguns deles são destacados por Rodrigues e Cavinatto (2000): redução do resíduo sólido na fonte geradora, reaproveitamento de matérias primas, geração de renda com a inclusão social, minimização do impacto ambiental causado pelo aterramento de resíduos no solo e da poluição das águas e do ar e aumento da vida útil dos aterros sanitários.
Na atualidade, boa parte das embalagens dos produtos consumidos pode ser separada e destinada ao processo de reciclagem. Por meio deste processo, novos materiais surgem dando origem a outros produtos que podem ser absorvidos pelo mercado. No entanto, para que o processo de reciclagem seja possível é preciso que ocorra, primeiramente, a coleta seletiva. Para tanto, a população precisa ter consciência de seu papel participativo.
O processo da reciclagem tem levado muitos desempregados a buscar trabalho neste setor e desse modo conseguir renda para manterem suas famílias. Associações e Cooperativas de catadores de materiais recicláveis já permeiam em grandes e pequenos centros urbanos por todo o Brasil trazendo benefícios a toda população.
Entendendo a importância da coleta seletiva e suas contribuições para o ambiente, o tema foi alvo de estudos por mestrandos do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Lavras, durante a disciplina Ensino, Cultura e Meio Ambiente. O trabalho teve como objetivos conhecer o cotidiano da Cooperativa de materiais recicláveis de Nepomuceno (RECICLANEP), e perceber como os sujeitos da Cooperativa avaliam a participação da sociedade além da contribuição da mesma para que o trabalho da cooperativa aconteça de forma efetiva.


O lixo como problema social e ambiental
Durante a revolução industrial vários fenômenos aconteceram. Os modos de produção artesanal e familiares sofreram um declínio e as indústrias de produção em grande escala passaram a ser dominantes. Impulsionado por essa transformação houve uma grande migração dos povos das áreas rurais para as áreas urbanas. Nesse sentido cada vez mais temos o crescimento das cidades e a diminuição do meio rural. Segundo Mucelin (2008) essa crescente mudança do meio urbano tem causado muitos impactos ambientais como, por exemplo, a produção exacerbada de resíduo motivada pelo consumismo exagerado.
Atualmente os resíduos sólidos produzidos pelas cidades seguem uma classificação pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 10004 de 2004. O objetivo dessa normatização é classificar os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde pública a fim de que tenham um gerenciamento adequado. Ainda segunda a NBR 10004/2004 resíduos sólidos tem a seguinte definição:
Resíduos nos estados sólidos e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviável em face à melhor tecnologia disponível. NBR 1004/2014.
A partir desta definição os resíduos sólidos seguem a seguinte classificação de acordo com a normatização:
  1. Resíduos Classe I – Perigosos
  2. Resíduos Classe II- Não Perigosos
3- Resíduos Classe II A- Não Inertes
4- Resíduos Classe II B- Inertes
De acordo com Costa e Fonseca (2009) os novos padrões de consumo resultantes dos avanços tecnológicos tem gerado uma produção de resíduos crescente em ritmo superior a capacidade de absorção da natureza. Além de grandes quantidades o descarte incorreto desses resíduos é capaz de colocar em risco e comprometer os recursos naturais.
Tendo em vista a crescente problemática do uso de recursos naturais e do descarte de resíduos sólidos, a partir dos anos 70 iniciou-se politicas objetivando o esclarecimento de normas referentes à forma mais adequada de coleta e, principalmente de disposição do material descartado. Em países industrializados a tendência é de estabelecimento de critérios e incentivos que permitam a implantação de programas de prevenção e redução de resíduos na fonte geradora além de programas de recuperação dos recursos dos resíduos (BROLLO e SILVA 200).
O grande avanço tecnológico e o processo de industrialização, em todo o mundo, tem gerado um grande acúmulo de resíduos sólidos. Em 2010 no Brasil, surge a Lei N. 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, tendo como meta resolver o problema da destinação final adequada no Brasil, com os princípios, os objetivos, as diretrizes e os instrumentos relativos à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, estabelecendo, em seu art. 54, o prazo de 04 (quatro) anos para a extinção completa dos lixões e a disposição final dos resíduos sólidos em aterros sanitários.
No entanto, cinco anos após a lei instituída acima, prorroga mais uma vez o prazo para o fim dos lixões, que começa no ano de 2017, como prazo mínimo para a extinção do mesmo, sendo que este prazo varia de acordo com o númer de habitantes do município, se estendendo até 2021 e diante dos prazos definidos na legislação a coleta seletiva torna uma ferramenta que vem para contribuir uma boa parte com a extinção dos lixões. (BRASIL, 2015)
A coleta seletiva está amparada no decreto Nº 5.940, de 25 de outubro de 2006 onde há a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências e segue em seus respectivos artigos:
Art. 1o  A separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis são reguladas pelas disposições deste Decreto. 
I  - coleta seletiva solidária: coleta dos resíduos recicláveis descartados, separados na fonte geradora, para destinação às associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis;
Art. 3o  Estarão habilitadas a coletar os resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direita e indireta as associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis que atenderem aos seguintes requisitos:
I - estejam formal e exclusivamente constituídas por catadores de materiais recicláveis que tenham a catação como única fonte de renda;
  II - não possuam fins lucrativos;
III - possuam infraestrutura para realizar a triagem e a classificação dos resíduos recicláveis descartados; IV - apresentem o sistema de rateio entre os associados e cooperados. 


Em relação a separação dos resíduos sólidos existem diferentes formas de descarte de resíduos como Aterros Sanitários, Lixões, Incineradores, Reciclagem e Usinas de compostagem. Dentre os destinos possíveis para o lixo, um dos mais agressivos é o descarte sobre o solo a céu aberto e sem critérios técnicos e ações de proteção ao meio ambiente conhecidos como lixões (AZEVEDO, 2015). Esse lixo acumulado libera um líquido de coloração escura e mal cheirosa chamado chorume, que contamina o solo e as águas subterrâneas (ARAUJO et. al. 2006).
Além disso, Pereira Neto (2007) ressaltam que esses ambientes são propícios para proliferação de vetores de doenças e para o crescimento da população de ratos baratas e moscas entre outros animais. A associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2013) revela que 3.344 municípios ainda descartam os resíduos em locais impróprios sendo 1569 desses municípios em lixões, ainda que esse seja uma forma inadequada de disposição final.
Neste sentido a reciclagem feita de modo correto, no qual todos os resíduos sólidos são devidamente separados tem sido uma das opções mais adequada para o descarte do resíduo solido, porém, não pode desvincular da diminuição do consumismo, pois, não é pelo fato de ter um destino final das embalagens, que o consumo deve ser promovido.
Além dos problemas ambientais os lixões também são a fonte de grandes problemas sociais. Siqueira (2008), afirma que as condições de trabalho dos catadores de materiais recicláveis são precárias. As famílias improvisam barracos nas proximidades dos lixões e convivem com os resíduos diariamente, as crianças brincam sobre os resíduos sólidos enquanto os pais fazem a seleção de materiais recicláveis e de materiais que julgam em condições de uso. Muitas das vezes o contato direto com este ambiente podem causar problemas de saúde para os envolvidos pelo fato de conviver com transmissores de doenças e materiais cortantes. As cooperativas de catadores são importantes para a melhoria dessa sociedade exposta a tantos problemas.
Além do problema social de quem trabalha diretamente com o manuseio resíduo sólido, outros fatores podem ser considerados como efeitos negativos do excesso do mesmo para a sociedade como, por exemplo, contaminação, intoxicação e poluição. Segundo Ferreira (2001), a decomposição do lixo forma gases que podem provocar muitas doenças inclusive doenças respiratórias, causar explosões e poluição do ar.
Tendo em vista os problemas sociais e ambientais causados pelos resíduos sólidos, é necessário um esforço para que em primeiro lugar, o consumismo seja diminuído, o que exigiria menos matéria prima, em segundo lugar, para que o poder público se empenhe em dar o descarte correto ao resíduo sólido e propiciar condições para que a reciclagem possa se tornar fonte primaria de descarte em nosso país.


Associações e Cooperativas como uma das alternativas para o meio ambiente.
Ribeiro e Besen (2006) mostram que a organização dos catadores no Brasil iniciou-se em 1985, com a formação da Associação de Carroceiros no Município de Canoas, e em 1986, com a fundação da Associação de Catadores de Material de Porto Alegre, da Ilha Grande dos Marinheiros, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Em São Paulo constituiu-se a organização dos Sofredores de Rua (1986), que se tornou a Cooperativa de Catadores Autônomos de Papel, Aparas e Materiais Reaproveitáveis – Coopamare (1989), e em Belo Horizonte (1990) formou-se a Associação de Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável – Asmare.
De acordo com Rodrigues e Cavinato (2000), o processo de reciclagem significa transformar produtos usados em matéria prima para novos produtos para o próprio consumo. Esta necessidade foi despertada pelos seres humanos a partir do momento em que se verificaram os benefícios que estes procedimentos trazem para o planeta terra. Por meio do processo de reciclagem, preserva-se o meio ambiente e também se geram condições de trabalho para muitas pessoas que se envolvem no processo.
O processo de reciclagem tem levado muitos desempregados em várias cidades a buscar trabalho neste setor e assim conseguir renda para manterem suas famílias. Associações e Cooperativas de catadores de materiais recicláveis já permeiam em grandes e pequenos centros urbanos por todo o Brasil trazendo benefícios a toda população. Muitos municípios já contam hoje com a coleta seletiva feita em alguns casos por parcerias com prefeituras para melhoria de condições de trabalho, na qual o material a ser reciclado já chega as fábricas pronto para ser organizado, evitando assim um árduo trabalho por meio de carrinhos manuais.
Diante deste fato, alternativas como a reciclagem tem causado uma grande mudança no atual cenário ambiental, uma vez que são destinados às cooperativas e associações de matérias recicláveis uma boa parte do resíduo sólido produzido pelas pessoas e também pelo processo de industrialização.
Pereira (2013) relata que o percentual de cidades que mantêm cooperativas e associações de catadores chegam a 65% do agregado. O apoio às cooperativas se baseia em maquinários, galpões, ajudam de custo com água e energia elétrica, capacitações e investimento em educação ambiental para que aconteça um trabalho de qualidade.
O trabalho é realizado por meio de uma separação de muitos produtos por meio de coleta seletiva, vindo de várias fontes do município, como casas residenciais, empresas de diferentes comércios, indústrias, escolas, entre outras e delas se destacam os principais objetos, vidro, alumínio, papel, metal, óleo de cozinha e o plástico, e por meio da reciclagem obtém-se a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar.
Na atualidade, em boa parte dos produtos consumidos a embalagem pode ser separada e destinada ao processo de reciclagem, e por meio deste processo novas materiais surgem dando origem a outros produtos que podem ser absorvidos pelo mercado, e, além disso, podem gerar mais matérias-primas, reduzirem os gastos com os custos de produção.
A participação da população nos programas de coleta seletiva é voluntária na maioria das cidades. A mobilização para a separação dos materiais recicláveis na fonte geradora – papéis, vidros, plásticos e metais, entre outros – é realizada através de campanhas de sensibilização promovidas junto aos bairros, condomínios, escolas, comércio, empresas e indústrias (RIBEIRO; BESEN, 2006).
Diante das diferentes alternativas para o destino final dos resíduos sólidos produzido, nota-se que é possível verificar a grande importância do trabalho das cooperativas e associações dentro do município, considerando que uma das grandes preocupações do momento é a situação ambiental no mundo e tendo em vista que o resíduo sólido produzido tem causado sérios danos à natureza, a alternativa acima vem como meio de trabalho, inclusão social e também ferramenta de proteção ambiental. Cabe ressaltar que além das cooperativas e associações, existem também os catadores individuais que fazem seu trabalho de forma autônoma.
Braz et al. (2014) mostram que os catadores de resíduos recicláveis estão subdivididos em três categorias: os catadores de rua e dos lixões, os que trabalham de maneira autônoma e os organizados em associações e cooperativas. No Brasil, estima-se que o número de catadores de materiais recicláveis seja de aproximadamente 500.000(quinhentos mil), estando 2/3 no estado de São Paulo. Conforme dados da Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia – COMURG, em Goiânia, no ano de 2004, foram identificados 506 catadores que coletam materiais recicláveis na cidade (MEDEIROS; MACEDO, 2006, p.65).
Percebe-se que o trabalho dos catadores é uma garantia de trabalho feito por eles mesmo, uma vez que tanto a decisão de ir para ruas, lixão, ou até mesmo a iniciativa de uma associação ou cooperativa, é uma tomada de decisão individual, e decisão muitas vezes forçada, porque muitos deles não conseguem empregos formais e veem na reciclagem de produtos uma única fonte de trabalho para tirar o seu sustento e da sua família.
No entanto, diante de todas as mazelas, precarização e dificuldades encontradas pelas associações e cooperativas, as mesmas estão crescendo de forma significativa por todo país além de se tornarem uma contribuição muito grande na prevenção do meio ambiente e na próxima seção será abordado os benefícios ambientais que são promovidos pelas mesmas.
A coleta seletiva e a reciclagem têm um papel fundamental para o meio ambiente, por meio delas diminuem a retirada de novas matérias-primas que seriam retiradas da natureza. Pode-se definir a coleta seletiva da seguinte forma “é um processo de recolhimento de materiais recicláveis: papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora e que podem ser reutilizados ou reciclados.” A coleta seletiva funciona, também, como um processo de educação ambiental na medida em que se sensibiliza a comunidade sobre os problemas do desperdício de recursos naturais e da poluição causada pelo resíduo sólido.


Metodologia
O método de pesquisa foi observação e questionário semiestruturado, sendo que esta se trata de uma pesquisa qualitativa e descritiva. Os dados foram também coletados por meio de troca de informações com os cooperados e o administrador da cooperativa. Para atingir os objetivos da pesquisa, foram pesquisados dados sobre a estruturação da cooperativa, sobre a coleta seletiva, quantidade de material, escolaridade, salário e sobre as condições de trabalho dos cooperados.

Procedimentos
Na medida em que acontecia o processo de observação, as dúvidas iam surgindo e a partir delas, procurava-se fazer novas observações. Para analisar os dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo das informações repassadas pelo administrador e a leitura das anotações que foram realizadas durante o período de observação.

Locus da pesquisa
O trabalho foi realizado em uma cooperativa de catadores de matérias recicláveis do município de Nepomuceno, no estado de Minas Gerais. A mesma se encontra a 3 km da cidade, e funciona próximo ao antigo lixão. O trabalho acontece em um galpão construído pela Prefeitura, que possui em torno de 500m², tendo apenas cobertura, possui uma copa e um banheiro.
A Cooperativa foi fundada em setembro de 2013 em parceria com a Prefeitura Municipal. O nome fantasia adotado foi Reciclanep. A cooperativa está formalmente regularizada, uma vez que possui alvará de funcionamento, paga seus tributos ao INSS, recolhe FGTS dos trabalhadores e paga todas as despesas junto da Receita Federal.
Atualmente, são 14 cooperados que vivem da renda da cooperativa e três funcionários que são pagos pela mesma. Os cooperados são oriundos do antigo lixão, sendo seis homens e oito mulheres. A cooperativa é administrada por um funcionário contratado pela cooperativa
A Prefeitura subsidia a Cooperativa repassando os valores referentes às despesas com o pagamento de Receita Federal.

Resultados e discussão

Entre os benefícios da cooperativa de catadores de materiais recicláveis do município de Nepomuceno podem ser destacados os seguintes: a coleta seletiva contribuiu para aumentar a consciência ecológica da sociedade, pelo fato de chegar até a cooperativa, vinte cinco por cento de material reciclável que antes eram todos destinados para o lixão; auxilia na geração de renda para os antigos trabalhadores do lixão; proporciona benefícios econômicos para o município uma vez que os cooperados contam com um salário mensal; diminuiu o trabalho feito com a limpeza urbana devido ao processo de coleta seletiva.
Uma descoberta que merece destaque é o fato de alguma residência não disponibilizar para o caminhão de coleta alguns tipos de materiais que são considerados de maior valor como pet, alumínio e metal. Isso ocorre porque o mesmo comprador que compra os materiais recicláveis da cooperativa compra também diretamente da população passando nas casas. Com isso, os moradores preferem ganhar algum dinheiro vendendo diretamente estes materiais do que fornecer para a cooperativa.
Segundo os cooperados a venda dos materiais é feita dentro do município devido ao fato que eles ainda não têm uma produção suficiente para que sejam vendidos na “REDE”
Aquino et al (2009) mostra que a mesma é formada pela união de varias associações e cooperativas que se tem como objetivo propor uma forma de organização logística para as associações de catadores de materiais recicláveis realizarem a comercialização direta de seus produtos às indústrias recicladoras, visando à agregação de valor e partir da organização das associações de catadores em rede, todas elas conseguem comercializar produtos diretamente com indústrias recicladoras, e, juntas, obteriam uma agregação de 32% no valor dos produtos comercializados.
Com isso nota-se que se a população contribuísse mais com a separação do material, a quantidade de produção aumentaria e com isso o ganho econômico dos cooperados da cooperativa também seria maior. Outro fator que chama a atenção foi um dos relatos de uma cooperada, que disse que existe uma grande procura de novas pessoas que querem se incorporar ao grupo, mas segundo a mesma isto não é possível devido à baixa produção, e que hoje eles contam com 25% de material reciclável e se chegasse a 40 % eles não daria conta, por causa do trabalho ser quase todo manual, e só assim seria necessário ter mais cooperados.
Embora a cooperativa tenha sido criada com o intuito de retirar os catadores de materiais recicláveis do lixão, esse objetivo não foi totalmente atingido. Isso ocorre porque há uma parcela significativa da população que ainda não contribui com o trabalho da cooperativa, ou seja, não separa o resíduo sólido reciclável do resíduo sólido descartável nas residências.
Assim, muitos cooperados ainda vão para o lixão – que fica próximo a usina de reciclagem – para buscar materiais que são recicláveis e que não deveriam estar no lixão. Nessa situação, mais uma vez, fica evidente a necessidade de promover ações de conscientização da população.
A coleta seletiva também é feita em parceria com a Prefeitura que fornece o motorista para fazer o trabalho do caminhão e os funcionários da cooperativa trabalham de forma alternada no recolhimento dos materiais recicláveis nas portas das residências e essa coleta é feita todos os dias, alternando a rota de passagem nos bairros.
A estimativa de quantidade de material coletado circula entre 3 a 4 toneladas por dia. No entanto, conforme informam os cooperados, chega-se a usina de reciclagem, todos os dias, juntamente com o material que é reciclável, uma quantidade significativa de material que é refugado como madeira, isopor, tecidos, e este material são retirados do local todos os dias e levado para o lixão.
No que se refere à venda do material reciclável, o principal comprador é do próprio município, sendo ele proprietário de uma usina de reciclagem autônoma e particular. Este, no entanto, também faz coleta seletiva nas ruas da cidade, comprando diretamente dos moradores os materiais de maior valor. Isso se configura como um empecilho aos cooperados que acabam não recebendo estes materiais de maior valor como pet, latas de alumínio, metais entre outros. Tendo em vista que a população vende diretamente a este coletor, eles não entregam estes materiais gratuitamente para a reciclagem preferindo ganhar com esta negociação.
Observa-se, portanto, que embora a coleta seletiva tenha sido implantada, não houve conscientização por parte da população de que o esforço em selecionar o material para destinar à usina é benéfico no sentido de gerar renda para cooperados em condições de vulnerabilidade econômica. Conforme discutem Rodrigues e Silva (2009, p.175), a educação ambiental poderia ser muito benéfica nesse sentido, uma vez que “a educação ambiental é um dos meios para se adquirir as atitudes, as técnicas e os conceitos necessários à construção de uma nova relação com o meio ambiente”.
A educação ambiental conscientizadora poderia ser de grande utilidade para ajudar a população a repensar suas ações uma vez que ao disponibilizar esses materiais para a coleta seletiva ela estaria contribuindo para a geração de renda dos cooperados que vivem em condições de vulnerabilidade social e econômica. Assim, deve-se mostrar como é importante que se tenha ações conjuntas quando se trata de coleta seletiva, ou seja, cooperativa e prática de educação ambiental apesar de encontrar diversos conflitos devem tentar unir-se com o poder público e com a sociedade para que aconteça um movimento realmente favorável de melhoria de qualidade de trabalho e vida para os trabalhadores.

O sistema de trabalho dos cooperados e funcionários

O trabalho dos cooperados é fazer a triagem e separação dos materiais, sendo que todo material é separado por qualidade, sendo: pet, por cores separadas, papelão liso, de cor, úmido, molhado, papel branco, entre outros, e segundo os cooperados cada um tem seu preço, dependendo de quais situações ele chega ate a usina. Esse processo não segue uma divisão formal do trabalho. Cada cooperado atua em forma de rodízio, ou seja, eles não possuem um posto de trabalho fixo. Um dia, atua separando plástico, no outro separando papel, no outro embalando para venda e assim por diante.
Apesar da criação da cooperativa em 2013, ainda hoje, as máquinas não estão funcionado porque o sistema de voltagem das mesmas é incompatível com o sistema da usina. A Prefeitura ainda não providenciou a adequação apesar de ser um pedido constante junto aos órgãos competentes. Por isso, praticamente todo o trabalho de triagem, prensagem e embalagem é feita manualmente.
A carga horária de trabalho dos cooperados é de 8 horas diárias, começando logo bem cedo e com termino às catorze horas. Permanece sempre um vigia no local, pois há relatos de roubo e vandalismo na cooperativa. Eles fazem suas refeições no próprio local. Os cooperados utilizam equipamento de segurança, como luvas, máscaras, botinas entre outros e reconhecem a importância do uso dos mesmos. Os cooperados relataram que há indagações a respeito do horário de trabalho dos mesmos, pois segundo eles muitas pessoas acham que o trabalho deveria acontecer o dia todo.
Diante dos relatos dos cooperados outro ponto importante a ser destacado quanto ao trabalho realizado, onde todas as decisões são tomadas em união do grupo, por meio de assembleias para que tudo seja votado. A convivência entre os cooperados criam apresenta relações de respeito e de cumplicidade. Em um dos relados a cooperada relatou a compreensão e o entendimento com aqueles trabalhadores de idade mais avançada que não tem uma produção elevada. A partir disto podemos perceber a satisfação dos cooperados em relatar um trabalho onde há espaços para descontração, brincadeiras e respeito mutuo.
O salário mensal que os cooperados recebem está entre R$800,00 e R$1.000,00. Esse salário é pago com a venda dos materiais recicláveis uma vez que a prefeitura subsidia apenas os gastos com Receita Federal, motorista e manutenção do caminhão usado na coleta seletiva.

5. Considerações gerais

Entre os benefícios da cooperativa de catadores de materiais recicláveis do município de Nepomuceno podem ser destacados os seguintes: a coleta seletiva contribui para aumentar a consciência ecológica da sociedade; auxilia na geração de renda para os antigos trabalhadores do lixão; proporciona benefícios econômicos para o município uma vez que os cooperados contam com um salário mensal; diminuiu o trabalho feito com a limpeza urbana devido ao processo de coleta seletiva.
Um dos benefícios que merece mais destaque é a mudança significativa da quantidade de resíduos sólidos que é retirado do meio ambiente e que se torna matéria-prima para novas embalagens diminuindo os impactos ambientais.
No caso da Reciclanep é notável que a parceria com a prefeitura local seja uma das condições que possibilitam o funcionamento da mesma, porque os ganhos pela produção não compensaria tributos com a receita, como também despesa com caminhão de coleta.
Outro ponto que merece destaque está relacionado com a forma de divisão do trabalho, percebemos que o regime de trabalho dos mesmos foge as bases do capitalismo, e o trabalho é baseado na cooperação com respeito, compreensão e divisão de trabalho de forma justa. Os associados relataram que gosta de trabalhar na cooperativa, e estão no local por opção.
Em relação ao que é resíduo sólido na atualidade é notável que a palavra conota a outras formas de entendimento, uma vez que para a grande maioria da sociedade descarta “resíduo sólido” para muitos não é resíduo sólido, e tomando como caso especifico da Cooperativa de Nepomuceno, o material reciclável que chega até a usina de separação, é preciso que tenha um vigia vinte quatro por dia, porque caso o contrário pessoas vão até o local para furtar o material já recolhido.
Pode-se, portanto, concluir este trabalho afirmando que a coleta seletiva e a organização dos trabalhadores catadores de resíduos sólidos em cooperativa se configuram como uma alternativa importante e viável para contribuir com os impactos ambientais na perspectiva de minimizar o problema do resíduo sólido e da falta de renda dos sujeitos envolvidos nesta atividade. Mas, se estes dois aspectos não foram implementados juntamente com ações sociais conjuntas que visam promover conscientização da população, como também buscar juntamente seus direitos ao poder publico, a necessidade de transformar se perde no meio do caminho.
Portanto, por meio dos resultados obtidos entende-se o município pesquisado precisa ser conscientizados em relação a sua participação junto ao meio ambiente, entendendo que o meio ambiente não é uma parte em si só, mas sim tudo que o cerca e que o homem faz parte de tudo que se relaciona com o meio ambiente. Os sujeitos devem ter condições de participar e agir sobre o problema encontrando meios para solucioná-los sustentavelmente.
Loureiro (2004) define participação da seguinte forma: participar é compartilhar poder, respeitar o outro, assegurar igualdade de decisão, propiciar acesso justo aos bens socialmente produzidos, de modo a garantir a todos a possiblidade de fazer sua história no planeta, de nos realizarmos em comunhão. Participação significa o exercício da autonomia, com responsabilidade, com a convicção de que a nossa individualidade se completa com a relação com o outro e o mundo e que a liberdade individual passa pela liberdade coletiva.
Portanto, conclui-se que uma Educação Ambiental critica transformadora, emancipatória e libertadora deve ser pautada em um conhecimento vivo e real, eles devem ser apropriados, construídos de forma coletiva, cooperativa, continua, interdisciplinar, democrática e participativa, com a intenção de se ter grupos ativos e participantes na melhoria do meio ambiente, a autonomia de grupos sociais na construção de alternativas sustentáveis, o amplo direito à informação como condição para a tomada decisão, mudanças de atitudes, aquisição de habilidades especificas, a problematização da realidade socioambiental (LOUREIRO, 2010).
É preciso defender a promoção de ações conjuntas para que se consiga realmente promover maior qualidade de vida para a população seja no sentido de retirar trabalhadores do lixão gerando renda para eles, como também retirar o resíduo sólido reciclável do meio ambiente. No caso de Nepomuceno em relação à educação ambiental, os resultados deste trabalho mostram que é preciso um trabalho voltado para esta área a fim de ter uma melhoria social significativa tanto para os cooperados, como também para todo o município e um trabalho que envolva ações educativas criticas e que desperte o olhar de futuros pesquisadores podem ser objetos de estudo para uma nova pesquisa.

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